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Caio Fernando Abreu (1)

Caio Fernando Abreu foi um escritor e jornalista gaúcho que morreu em 1996, com apenas 47 anos. Eu o conheci em um momento de muita dor, através da Martha Medeiros (\o/) e fui vendo que muitas coisas do que ele escrevera iam ao encontro do que eu pensava e sentia.

Segue abaixo um pouquinho do Caio. Com algumas coisas concordo, com outras discordo e há ainda as que me fazem rir por conta da ironia que contém. Que vocês também gostem dele :)

"O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS de se ter quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a), mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER."

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'."

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora."

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

"Tenho dias lindos, mesmo quietinhos."

"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva".

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

"Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza."

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

"Meu coração tá ferido de amar errado."

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."

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